A autoimagem que cada indivíduo constrói sobre si pode gerar efeitos diversos e um deles é o transtorno dismórfico corporal (body dysmorphic disorder), doença também conhecida como dismorfofobia.
Caracterizado por uma preocupação exagerada com um defeito mínimo ou imaginário na aparência física, o TDC foi conceituado pela primeira vez, em 1886, pelo psiquiatra e antropólogo Enrico Morselli como "um sentimento subjetivo de fealdade ou defeito físico, no qual os pacientes sentem que são observados por terceiros, embora sua aparência esteja dentro dos limites da normalidade". Apesar de ser descrita há mais de um século, o conhecimento sobre a dismorfofobia ainda é esparso.
Comumente confundido com transtorno obsessivo compulsivo (TOC), a versão revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR), da Associação Americana de Psiquiatria, aponta que é característico do TDC o sofrimento clinicamente significativo ou o prejuízo no funcionamento ocupacional e social. Em geral, desenvolve-se uma morbidade expressiva e há tendência ao isolamento progressivo evitando, assim, o convívio social.
Pacientes com dismorfofobia, geralmente, não buscam tratamento psiquiátrico – mas, atendimento com especialistas em cirurgia plástica ou dermatologia para tratarem suas imperfeições – que creem ser reais. Casos extremos levam a lesões autoinfligidas, amputações de membros sadios por decisão do paciente e suicídios. O tratamento da dismorfofobia envolve terapia cognitivo-comportamental e medicamentos.
Extraído de: O paciente, o médico e o espelho, por Thaís Dutra. In: MEDICINA – CFM, maio/agosto de 2014.
449 - O transtorno dismórfico corporal (1)
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