"Yesterday", dos Beatles, "Bem Maior", da banda Roupa Nova, e a música sertaneja "Telefone Mudo", do Trio Parada Dura, foram algumas das canções tocadas por um paciente de 33 anos enquanto passava por cirurgia de retirada de um tumor em seu cérebro (vídeo). O objetivo era avaliar se as partes normais do cérebro não seriam afetadas durante o procedimento.
Anthony Kulkamp Dias cantou e tocou violão na cirurgia que foi realizada em 28 de maio, num hospital de Tubarão, no Sul de Santa Catarina. O paciente recebeu alta em 3 de junho.
O anestesiologsta Jean Abreu Machado explica que, geralmente, neurocirurgias são realizadas com o paciente sob anestesia geral e ausência de dor, mas quando o tumor está próximo a áreas como a da fala e a da movimentação, há risco de perda das funções, caso elas sejam lesionadas durante o procedimento. Por isso, é importante manter o paciente acordado.
"As áreas com funções especiais podem ser monitoradas em tempo real. Assim, são menores as chances de lesão e é possível uma otimização do tratamento", explica o anestesologista.
Para evitar a dor, foram aplicadas medicações na veia combinadas a anestésicos locais. Além disso, de acordo com o anestesiologista, o tecido cerebral não possui sensores para dor.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o paciente alertava os médicos quando sentia dormência em alguma parte do corpo. A cirurgia contou com equipe de seis profissionais, entre neurocirurgiões, anestesiologsta, instrumentadora cirúrgica e fonoaudióloga.
Deitado e com um lençol azul na parte superior na cabeça, ele apoiou o violão sobre o tórax e manteve a equipe médica alerta sobre o limites da cirurgia feita por uma equipe do Hospital Nossa Senhora da Conceição, durante nove horas.
Durante todo o procedimento, o paciente alternava as músicas com descanso orientado pela equipe médica. Em alguns momentos, o médico anestesiologista ajudava o paciente com o peso do violão (a comparação do anestesiologista com Cirineu é inevitável).
Esta é a 19ª cirurgia com monitorização cerebral realizada pelo hospital e a primeira a que um paciente se submeteu enquanto tocava um violão. O hospital é o único no estado a fazer este tipo de cirurgia. O procedimento mostrado no vídeo acima foi feito por convênio, mas, conforme a assessoria de imprensa do hospital, geralmente elas são realizadas através do Sistema Único de Saúde (SUS).
O grifo é nosso.
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