quarta-feira, 30 de junho de 2010

149 - "Benzetacil"

É o nome comercial da penicilina G benzatina do laboratório Eurofarma. Nos velhos tempos, sob o nome de Benzetacyl, foi produzida em nosso país pelo laboratório Fontoura-Wyeth. No tratamento de infecções (dentre as quais, a sífilis) essa forma da penicilina já prestou inestimáveis serviços à Saúde Pública. Mas... quem não sabe da dor que a aplicação das injeções (nas nádegas, geralmente) desse antibiótico provoca localmente?
O compositor e cantor João Bosco é um dos que certamente carregam uma sofrida recordação a respeito. Daí ter composto esta música, "Benzetacil", com letra de Francisco Bosco. É uma gravação para a gente apreciar, não apenas o suíngue de João Bosco, como também as acrobacias musicais do gaúcho Yamandú Costa (o maior violão do Brasil), o qual acompanha o compositor mineiro neste vídeo.

(...)
Mas na verdade tenho que dizer
Tem uma dor tão vil
Que dói só de pensar
Você não sabe, amigo, o que é levar
Um Benzetacil
Naquele lugar
Ai, ai, ai…
(...)

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 29 de junho de 2010

148 - O tabagismo no Brasil

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), que foi realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluiu em seus trabalhos a Pesquisa Especial do Tabagismo no Brasil, cujos resultados estão sendo agora divulgados.
Eis alguns números resultantes dessa pesquisa sobre o tabagismo:
  • 24,6 milhões de brasileiros com mais de 15 anos são fumantes.
  • 14,8 milhões são homens e 9,8 milhões são mulheres.
  • 87 por cento fumam regularmente, consumindo entre 15 e 24 unidades (cigarros) por dia.
  • 70 por cento vivem com até 1 salário mínimo e gastam em média R$ 78 por mês com o vício.
  • 93 por cento dos fumantes conheciam os malefícios do fumo como o câncer do pulmão, o ataque cardíaco e o derrame cerebral.
  • 47 por cento não pensavam em largar o hábito na data da entrevista e 33,5 por cento pensavam nisso, mas não nos próximos 12 meses.

Publicado em EntreMentes

segunda-feira, 28 de junho de 2010

147 - Assaduras, nunca mais

O Baby Bottom Fan (algo como “ventilador de bunda de bebê”) serve para dar uma arejada em cada troca de fraldas, prevenindo assaduras e dando mais conforto ao bebê. Tudo com muita segurança, pois suas pás são forradas com espuma para não fatiar a sua (dele) bunda.
E tem mais! O seu design aerodinâmico reduz o ruído de fricção do ar, garantindo que a hora de o bebê refrescar as nádegas seja um momento agradável.
E isso não é tudo! Como você sabe, mesmo a coisa mais "cuti-cuti" da mamãe é capaz de produzir odores bastante desagradáveis. Por isso, o Baby Bottom Fan também libera "fragrâncias bactericidas" que “aliviam o seu bebê das agonias” (e você também).
O site do fabricante apresenta mais detalhes sobre esse lixo tecnológico miniventilador, inclusive o de como se dá a sua transição tranquila "de pequeno dínamo a anjo adormecido”.
Publicado em EntreMentes

domingo, 27 de junho de 2010

146 - Visceralmente vegetal


Esta peça publicitária foi produzida pela agência JWT Kuwait, em agosto deste ano, para ser divulgada pela International Vegetarian Union.
Na parte inferior do cartaz (ilegível na imagem ao lado) está escrito:

VEGETABLES ARE ALL YOU BODY NEEDS

Comentário
No lugar do tomate um pimentão vermelho representaria melhor o coração.

Publicado em EntreMentes

sábado, 26 de junho de 2010

145 - Você e as bactérias

De acordo com o último censo realizado no corpo humano, você é mais bactéria do que você mesmo.

Esquisito, não é?! Mas com todas as bactérias que vivem dentro de você se pode encher uma jarra de dois litros. Em seu corpo, há mais células bacterianas do que células humanas - até dez vezes mais, segundo alguns estudos. Apesar de seu vasto número, essas bactérias só não ocupam um espaço proporcionalmente maior porque elas são menores do que as células humanas. No entanto, ainda que pareça algo assustador, a participação delas na economia humana deve ser vista como um fato salutar.

Saiba mais sobre o assunto lendo o artigo (em inglês) Humans Carry More Bacterial Cells Than Human Ones, publicado na Scientific American.

Publicado em EntreMentes

sexta-feira, 25 de junho de 2010

144 - O placebo: agradando demais?

O número das novas drogas testadas em ensaios clínicos controlados e que não mostram a sua efetividade em seres humanos está a aumentar. E a culpa dessa tendência vem sendo atribuída ao efeito placebo, o qual parece ser atualmente mais forte do que já foi no passado.
Obviamente, se uma nova droga testada não alcança um resultado significativamente superior ao de uma pílula de açúcar, isto significa que ela não tem condições de ser lançada no mercado farmacêutico. Um problema que inclusive começa a se verificar com algumas antigas drogas, como a fluoxetina (Prozac), cuja efetividade já foi questionada em ensaios clínicos mais recentes.
Leitura adicional
Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina uma substância (ou procedimento) inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está sendo tratado.
O efeito placebo é usado para testar a validade de medicamentos ou técnicas verdadeiras. Consiste, por exemplo, no uso de cápsulas desprovidas de substâncias com propriedades terapêuticas, isto é, contendo substâncias conhecidamente inertes e inócuas, que são administrados a grupos de pacientes (voluntários) para comparar o efeito da sugestão no tratamento de doenças, evitando-se assim atribuir possíveis resultados terapêuticos a tratamentos sem valor. O princípio subjacente é o de que, num ensaio controlado por placebo, parte do sucesso da substância ativa é devido não a esta, mas sim ao efeito placebo da mesma.


Publicado em EntreMentes

quinta-feira, 24 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

142 - O prazer em suas mãos

Os estudantes de uma província espanhola, situados na faixa dos 14 aos 17 anos, estão recebendo aulas de educação sexual em suas escolas. No entanto, o conteúdo dessas aulas vem causando fortes polêmicas, principalmente entre pais e educadores, por incluir técnicas de masturbação e o uso de brinquedos eróticos.

Notícia: Portal G1 / Imagem: BBC

Bem, é só uma agradável coincidência o nome dessa província ser Extremadura.

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 22 de junho de 2010

141 - Silicosis Blues

"Ultimamente, tenho procurado através da literatura referências de pneumoconiose na vida de personagens em livros como Cidadela, Germinal, e qual não foi minha surpresa em ficar sabendo que, na década de 30, um cantor de blues, Josh White, escreveu uma música em protesto ao grande número de trabalhadores negros acometidos de silicose aguda durante a construção de um túnel nos EUA. Depois disso, o compositor foi convidado a visitar a Casa Branca, tornando-se amigo de Franklin Rooseelvet e, a partir daí, foi quando se iniciou nos EUA toda uma mobilização social, que culminou com a criação de uma legislação específica para a área da mineração."
Transcrição (parcial) de uma mensagem
que me foi enviada pelo Dr. Jefferson Freitas,
médico pneumologista em São Paulo.

Hawk's nest
De fato, a construção desse túnel para uma hidrelétrica em West Virginia, Estados Unidos, no início da década de 1930, resultou no adoecimento e morte de centenas de trabalhadores norte-americanos por silicose aguda. Uma tragédia que envolveu um grande número de operários da Union Carbide (empresa responsável pela condução do projeto) e que passou à história com o nome de "Hawk's Nest Disaster".
Quanto ao blues em questão, desconhecia eu a sua existência. Pesquisando, porém, na internet encontrei a letra de "Silicosis is killin' me", esse blues que Josh White compôs em 1936.

Silicosis is killin' me
---------------(music and words by Josh White)
"Silicosis, you made a mighty bad break of me
Silicosis, you made a mighty bad break of me
Robbed me of my youth and health
All you brought poor me was misery.
Silicosis, you're a dirty robber and a thief
Yes, silicosis, you're a dirty robber and a thief
Robbed me of my right to live and all you brought poor me is grief.
I was there diggin' that tunnel for just six bits a day
I was diggin' that tunnel for just six bits a day
Didn't know I was diggin' my grave — silicosis was eatin' my lungs away.
Six bits I got for diggin' — mmm, diggin' that tunnel hole
I got for diggin' — six bits for diggin' that tunnel hole
Takes me 'way from my baby and sure done wrecked my soul
I says Mama, Mama, Mama, please cool my fevered head
I says Mama, Mama, Mama, cool my fevered head
Going to mee my Jesus, God knows I'll soon be dead.
Now tell all my buddies, tell my friends you see
Tell all my buddies, tell my friends you see
I'm going 'way up yonder and please don't grieve for me."

A seguir, continuando a pesquisa no YouTube, encontrei a canção interpretada pelo próprio Josh White. Passei essa informação também ao Dr. Jefferson.


Publicado em EntreMentes

segunda-feira, 21 de junho de 2010

140 - A ruína através da cocaína

A COCAÍNA APAGA A LINHA DE SUA VIDA


Um vídeo com La Linea, o histórico personagem de Osvaldo Cavandoli. Ler a respeito deles - criador e criatura - aqui.

DIGA NÃO ÀS DROGAS

Publicado em EntreMentes

domingo, 20 de junho de 2010

139 - Empatia

:-)
Traduzido do Reader's Digest

Publicado em EntreMentes

sábado, 19 de junho de 2010

138 - A modelo Cervie

Uma mulher de 25 anos, nulípara (sem partos), e contando com a colaboração de Cervie, montou este belíssimo site. Chamado de Beautiful Cervix Project, o site documenta com fotografias as modificações que acontecem no colo uterino, dia após dia, ao longo de um ciclo menstrual completo.


Cervie é como ela carinhosamente apelida o seu colo uterino (cérvice), o qual serviu de modelo para a galeria de imagens do projeto.

Publicado em EntreMentes

sexta-feira, 18 de junho de 2010

137 - As tecelãs da Natureza

Cerca de 50 mil espécies de aranha são capazes de produzir teias. Existem muitas variedades de teias, próprias a cada espécie, e com utilidades as mais diversas. As aranhas usam-nas para caçar, se proteger e reproduzir.
A aranha diadema (clique no localizador abaixo) durante 1 hora, e na qual segue um ritual preciso, faz a sua teia com 30 metros de fio.


Vídeo (com legendas em francês) sugerido por Nilom através de e-mail.

Publicado em EntreMentes

quinta-feira, 17 de junho de 2010

136 - Vacinadores voadores

A malária, uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium, é um grave problema de saúde pública no mundo. Está presente em mais de 100 países, nos quais ocasiona entre 300 e 500 milhões de casos novos e cerca de 1 milhão de mortes, anualmente.
Apesar de décadas de investigação, uma vacina realmente eficaz contra a doença ainda não está disponível. Este insucesso, em grande parte, se atribui à dificuldade de induzir a imunidade contra a malária, quer através da exposição natural, quer artificialmente através de vacinação. E outro factor crítico é a nossa compreensão incompleta a respeito dos fenômenos envolvidos no desenvolvimento da imunidade a essa doença em seres humanos.
A vacinação de seres humanos contra a malária inicialmente foi tentada através de mosquitos infectados, após terem sido irradiados para a atenuação dos esporozoítos da malária presentes em suas glândulas salivares. No entanto, a exigência de um mínimo de 1000 picadas por mosquitos irradiados durante cinco ou mais sessões, a fim de induzir a imunidade em seres humanos torna pouco prático esse método de imunização.
A proteção contra a malária pode ser mais facilmente alcançada através da inoculação de esporozoítos intactos quando as pessoas são concomitantemente tratadas com cloroquina, uma droga que mata os parasitas no sangue mas não em sua fase hepática. É o que parece mostrar um trabalho recentemente conduzido em voluntários pelos Drs. Roestenberg, Mc Call e colaboradores, do Departamento de Microbiologia do Centro Médico da Universidade Radboud, em Nijmegen, Holanda.

Protection against a Malaria Challenge by Sporozoite Inoculation. In: The New England Journal of Medicine, volume 361:468-477, publicado em 30 de julho de 2009 (artigo em inglês).

Bônus
Link para a página Esquemas Animados da Editora Saraiva. Na mesma clique em Ciclo do Plasmodium.

Publicado em EntreMentes

quarta-feira, 16 de junho de 2010

135 - Em caso de emergência

Em suas várias categorias, os prêmios Ig Nobel são anualmente concedidos às pessoas que, com suas pesquisas e invenções, fazem a gente rir e, logo após, pensar. A sua cerimônia de premiação este ano (em sua 19ª edição) aconteceu a 1º de outubro.
Aqui (na fotografia), um dos ganhadores do Prêmio de Saúde Pública, a Dra. Elena Bodnar, dos Estados Unidos, na presença de três outros laureados, faz uma demonstração de como funciona o seu invento: um sutiã que, em caso de emergência, pode ser rapidamente convertido em um par de máscaras faciais (antigás), uma para a usuária e a outra para alguém por perto que também esteja em apuros.

Link para ver a relação completa dos ganhadores do Ig Nobel 2009.

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 15 de junho de 2010

134 - Cérebros masculino e feminino

Saiba como funcionam os dois tipos de cérebro: o masculino, formado por "caixas que jamais se tocam", sendo uma delas a "caixa do nada", e o feminino, que é comparado à "supervia da internet, com tudo se conectando a tudo".



Publicado em EntreMentes

segunda-feira, 14 de junho de 2010

133 - O ruibarbo do deserto

As plantas que vivem em regiões desérticas geralmente apresentam folhas pequenas ou transformadas em espinhos como formas de reduzir suas perdas de água. No entanto, uma que é muito comum nos desertos de Israel e da Jordânia, a Rheum palaestinum, conhecida como o ruibarbo do deserto (imagem ao lado), tem folhas de grande tamanho.
Cientistas israelenses acabam de desvendar o mistério dessa aparente contradição. É que as folhas do ruibarbo do deserto, que chegam a alcançar o tamanho de um metro, dispõem de um eficiente sistema de canaletas para recolher a água da chuva e transportá-la até as raízes da planta. Possibilitando que ela obtenha uma quantidade de água muito maior (até 16 vezes) do que conseguem captar outras plantas da região.
A Rheum palaestinum, portanto, trata-se de uma planta que irriga a si mesma, numa situação talvez única no mundo.

Publicado em EntreMentes

domingo, 13 de junho de 2010

132 - Pelas paredes

- Por que a lagartixa pode escalar paredes e tetos?
- Porque existem nas cerdas de suas patas as forças de van der Waals.
- Que são essas forças?
- São as forças que se relacionam com a polarização das moléculas?
- Como as moléculas se polarizam?
- Pela movimentação de sua nuvem eletrônica.

Mas... paremos por aqui essa sequência de perguntas e respostas. E passemos a apreciar a fotografia ao lado. É o close-up de uma pata de lagartixa, clicada no exato momento em que ela caminhava sobre uma parede de vidro. Suspeitasse o réptil da complexidade envolvida em seu seu ato de caminhar, talvez se entregasse ao desânimo. E a força de gravidade cumpriria então o seu papel.


Publicado em EntreMentes

sábado, 12 de junho de 2010

131 - A música corporal

Numa campanha publicitária que fez para a Orquestra de Câmara de Zurique, a Agência Euro ESCG criou alguns cartazes do tipo.
Tendo como idéia central a figura de um músico a tocar um "instrumento", e sendo este algum detalhe da anatomia humana.
Ilustra a presente nota o cartaz do Olho (olá, oftalmologista Nelson Cunha).


Publicado em EntreMentes

sexta-feira, 11 de junho de 2010

130 - O uso do jaleco

Para Ynot Nosirrah

O jaleco ou a bata (como o chamávamos no Ceará uns 40 anos atrás) é uma peça de roupa, geralmente de tecido branco, utilizada como uma forma de barreira corporal em hospitais, laboratórios, fábricas, restaurantes, escolas, entre outros locais. Em muitos desses lugares, onde é importante haver uma boa higiene, o seu uso costuma ser obrigatório. Noutros, o seu uso pode ser facultativo, caso não existam problemas reais de biossegurança.
É frequentemente usado por médicos, odontólogos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, e outros profissonais das áreas de saúde, de ensino e de pesquisa, sendo a sua imagem associada a estes grupos sociais. No entanto, é também utilizado por profissionais de outros grupos sociais, em cujos trabalhos a higiene é fundamental, dado ser mais fácil detectar alguma sujidade sobre um tecido de cor branca. E usam-no, ainda, os estudantes que estão a cursar as profissões já citadas.
Ao vestir um jaleco, e tornar-se identificável pelos pacientes de uma unidade de saúde, o médico está a praticar um dos princípios da medicina baseada em ética. Principalmente se esse jaleco ostenta - com legibilidade - o seu nome e a sua função na unidade. E, dessa forma, o médico pode ainda reforçar, por conta da forte simbologia de seu traje, a ação terapêutica (não desprezível) de sua presença junto aos pacientes que assiste.

Importante - O jaleco deve ser usado exclusivamente em ambiente de trabalho.

Publicado em EntreMentes

quinta-feira, 10 de junho de 2010

129 - Espinhela caída

A espinhela é a denominação vulgar do apêndice xifóide, um prolongamento cartilaginoso que fica na porção inferior do osso esterno. E a espinhela caída, segundo a crença popular, seria o relamento dessa estrutura de modo a causar, no portador da anormalidade, um debilitamento acompanhado de dores vagas propagantes do tórax ao abdome e vice-versa.
É uma moléstia vaga, talvez imaginária, e para a qual os compêndios médicos não dedicam sequer um verbete.
E só muita reza para curar o que a gente nem sabe se existe.

Arte sobre foto de Catherine Krulik

Publicado em EntreMentes

quarta-feira, 9 de junho de 2010

128 - A vacina contra o pneumococo na criança

A partir de 2010, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer, gratuitamente, a todas as crianças com até um ano de idade uma vacina contra o pneumococo, uma espécie de bactéria que provoca pneumonia, bronquite, meningite, sinusite e otite média.
Estima-se que, com a inclusão da vacina no calendário básico de vacinação das crianças, aconteça no Brasil uma redução de cerca de 10 mil mortes por ano em todas as faixas etárias. Visto que, com a imunização das crianças contra o pneumococo, por resultar disso uma diminuição na circulação ambiental da bactéria, o efeito positivo da vacinação poder ser observado também entre os adultos.
Esta medida a ser implantada resulta de um acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK). E o convênio prevê ainda a transferência de tecnologia para a Fiocruz, a qual, no futuro, assumirá a produção desse imunizante no território nacional.
Pelo acordo oficializado, o governo brasileiro se compromete a adquirir cerca de 13 milhões de doses por ano da vacina da GSK, a Synflorix, até que a mesma possa ser plenamente produzida em uma fábrica a ser construída no campus da Fiocruz, uma situação que só deve se verificar em 2017.
Segundo o Ministério da Saúde, essa quantidade é suficiente para imunizar todas as 3,2 milhões de crianças nascidas a cada ano no país, que precisarão receber doses aos dois, quatro e seis meses de idade. Uma quarta injeção, de reforço, deve ser aplicada até o 12º mês de vida.
A nova vacina, que protege contra dez sorotipos do pneumococo, deverá ser mais eficaz do que a vacina heptavalente, que é atualmente encontrada nas clínicas particulares. E, ao incluí-la em seu calendário básico de vacinações da criança, o Ministério da Saúde atende a antigas reivindações de sociedades brasileiras especializadas como a de pediatria e a de alergia e imunologia.

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 8 de junho de 2010

127 - Da vulcanologia para a pneumologia

Atualmente, a mais longa palavra em língua inglesa é... pneumonoultramicroscopicsilicovolcanoconiosis. Que designa uma rara doença pulmonar causada pela inalação prolongada de poeiras de cinzas vulcânicas.
Foi criada em 1935 por Everett M. Smith mediante a combinação de termos gregos e latinos:
pneumon (pulmão) + ultra (além) + mikros (pequeno) + skopein (examinar) + silicium (rocha) + vulcanus (vulcão) + kónis (poeira)
Com 45 letras, pneumonoultramicroscopicsilicovolcanoconiosis ao ser criada destronou electrophotomicrographically.
Em língua portuguesa a palavra mais longa é pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, que designa o portador dessa doença. Com 46 letras, ela ganhou o seu registro no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa em 2001. Outras idiomas, porém, utilizam-se de formas simplificadas para designar a doença: neumoconiosis (em castelhano), pneumoconiose (em francês), pneumoconiosi (em italiano) e Staublunge (em alemão, quem diria?).

Na ilustração: a deusa havaiana Kilauea
Comentários
Doctoreverettmsmith, ao criar a sua palavra de 45 letras, pensou certamente em entrar para a história da língua inglesa. Tirando inclusive proveito de que era ele o presidente da National Puzzlers' League naquela época. Quanto a Houaiss, ao incluir uma palavra de 46 letras em seu dicionário, pode ter sido uma provocação a Aurélio.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

126 - Me arde o "oi"

É uma versão "mineira" (criada em Goiás) para o sucesso internacional "We are the world". Este vídeo relaciona, de uma forma divertida, doenças e incômodos que o fumo provoca nas pessoas - com ênfase para as irritações oculares.
Com o objetivo de abrir os olhos dos fumantes, peço ao oftalmologista mineiro Nelson Cunha (o vídeo é especialmente para ele) que insira na caixa de comentários um apanhado das afecções oculares causadas ou agravadas pelo hábito de fumar.



"Me arde o "oi"
Me arde o ouvido
"Ocê" vai pitando
E o mundo vai ficando
Bem mais poluído."

Publicado em EntreMentes

domingo, 6 de junho de 2010

125 - O cumprimento saudável

Nestes tempos gripais o que um brasileiro deve fazer para se proteger da doença?
Seguir as orientações das autoridades de saúde, que estão sendo amplamente divulgadas pela mídia, tais como:
- evitar as aglomerações humanas;
- usar a máscara facial nos locais de risco;
- passar álcool gel nas mãos de acordo com a necessidade;
- e substituir o aperto de mãos ocidental pelo cumprimento à moda indiana.
A bem da verdade, esta última ainda não figura no rol das medidas oficialmente divulgadas. Mas se encontra no bojo da Campanha Cumprimento Saudável que o deputado Wilson Picler (PDT-PR) pretende lançar.

Namastê, deputado. Eu sei de onde Vossa Excelência foi tirar essa idéia.

Publicado em EntreMentes

sábado, 5 de junho de 2010

124 - Rutilismo e dor

Um artigo recém-publicado no JADA (The Journal of the American Dental Association), com repercussão no site BBC Brasil, sugere que os indivíduos ruivos são mais sensíveis à dor do que os demais indivíduos. O que faz com que os ruivos sejam menos assíduos nos consultórios odontológicos e com que, quando se submetem a procedimentos dentários, venham a necessitar de doses maiores de anestésicos locais.
A explicação está relacionada ao gene MC1R (responsável pela produção de melanina) do cromossoma 16 que, nos indivíduos ruivos, por causa de uma mutação genética, produz uma outra substância que lhes confere a cor avermelhada aos cabelos.
É também devido a essa variação no gene MC1R que os ruivos apresentam seus receptores cerebrais com maior sensibilidade para a dor.
À consideração de JV, do Blog do Dentista.

Publicado em EntreMentes

sexta-feira, 4 de junho de 2010

123 - Dimorfismo sexual

Considera-se haver dimorfismo sexual quando os indivíduos do sexo masculino e feminino de uma espécie se apresentam com características físicas não sexuais marcadamente diferentes. Essas diferenças, em muitos casos, estão relacionadas com a reprodução, já que os indivíduos das espécies dimórficas usam essas características físicas para disputarem parceiros ou mesmo para impressioná-los.
Exemplos claros de dimorfismo sexual podem ser observados em leões (cujo macho possui uma juba, ausente na fêmea), mandris (cujo macho possui a face intensamente colorida), cervos (cujo macho possui uma galhada, ausente na fêmea) e em muitas espécies de aves.
Na Natureza, em questão de dimorfismo sexual, nenhuma espécie foi tão radical quanto a Bonnelia viridis. Neste tipo de verme marinho (no desenho ao lado), a fêmea apresenta um corpo pigmentado que, na fase adulta, mede cerca de 15 centímetros (não computado o tamanho de uma longa tromba que ela usa para se alimentar de detritos orgânicos no fundo do mar), enquanto o macho é não pigmentado e plano, mede de 1 a 3 milímetros e vive sobre ou dentro do corpo da fêmea.
O dimorfismo sexual na Bonellia não é de natureza genética. Quando a larva eclode do ovo, se este ainda está no corpo materno, dá origem a um verme macho; se este, porém, já se encontra no ambiente origina outra fêmea.

Publicado em EntreMentes

quinta-feira, 3 de junho de 2010

122 - Guillotin e seu invento



"A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
E também faleceu por ter pescoço
O inventor da guilhotina de Paris."

(Noel Rosa e Mário Reis)

Joseph Ignace Guillotin (1738-1814), médico e político francês, que esteve envolvido com a causa da Revolução Francesa, é principalmente lembrado por ter sido o inventor (ou o reinventor) de um instrumento destinado à execução da pena capital, a guilhotina, a qual inclusive recebeu seu nome.
Antes da guilhotina, quando a execução era levada a efeito com a espada ou com o machado, a mão do carrasco nem sempre era firme e certeira. E a vítima acabava sofrendo vários golpes antes de morrer, tendo a sua agonia prolongada. Foi para evitar o prolongamento de tais sofrimentos que o médico Guillotin, em 1789, propôs à Assembléia Nacional que adotasse o seu instrumento.
Entre 1792 e 1799, foram executados na guilhotina cerca de 15 mil condenados (2794 dos quais considerados "inimigos da Revolução"). O primeiro a ser decapitado foi o operário Nicolas Pelletier. Luís XVI, Maria-Antonieta, Danton, Lavoisier e Robespierre foram os seus decapitados mais célebres. Em 1977, o aparelho de cortar cabeças foi pela última vez acionado. E, com o fim da pena de morte na França, que foi abolida nesse país em 1981, saiu de cena definitivamente a guilhotina.
Costuma-se dizer (ver acima os versos da canção "Positivismo", de Noel Rosa e Mário Reis) que o inventor da guilhotina de Paris tenha sido guilhotinado, o que é um equívoco. Para o qual, talvez, deve ter contribuído a morte na guilhotina de outra pessoa de sobrenome Guillotin, um médico de Lion. Joseph Ignace Guillotin até esteve por algum tempo com o pescoço sob risco (ao ser preso por causa de uma carta enviada por um condenado), mas veio a falecer de causas naturais.
Quanto a seus atuais descendentes, já peticionaram ao governo francês por uma mudança no nome que designa a guilhotina - mas sem sucesso. Então, resolveram mudaram o nome da família.

Publicado em EntreMentes

quarta-feira, 2 de junho de 2010

121 - Conversa ao pé do ouvido

Precisando de algo? Fale em minha orelha direita


Nós, seres humanos, preferimos ser abordados por nossa orelha direita. Solicitados, através dela, para que realizemos uma determinada tarefa, também somos mais propensos a executá-la (do que se houvéssemos recebido a mesma solicitação através da orelha esquerda).
Numa série de três estudos, a respeito da orelha de preferência na comunicação entre os seres humanos, Luca Tommasi e Daniele Marzoli, da Universidade "Gabriele d'Annunzio", em Chieti, Itália, demonstraram a presença desse viés natural, em decorrência da assimetria existente nos hemisférios cerebrais, e que tem implicações no comportamento humano.
Explicada essa diferença pela dominância do hemisfério cerebral esquerdo (o qual recebe os estímulos do ouvido direito) no processamento das informações verbais.

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 1 de junho de 2010

120 - Maçã x Pera

O Professor Jean Vague, da Universidade de Marselha, França, foi o primeiro a sugerir (em 1947) que as complicações da obesidade não dependiam apenas do excesso de gordura no corpo humano. Eram também uma consequência de como ela se distribuía no corpo das pessoas obesas. Assim, Vague cunhou os termo "andróide" para a forma de obesidade mais observada em homens (em maçã), na qual o diabetes e a doença cardiovascular são complicações comuns, e o termo "ginóide" para a forma de obesidade mais observada em mulheres (em pera), na qual a gordura se deposita nas partes inferiores do corpo e que tem caráter menos maléfico.


As observações feitas por Vague não receberam uma imediata atenção da comunidade médica. Foram necessários mais de 35 anos para que fossem avalizadas por estudos epidemiológicos prospectivos.

Publicado em EntreMentes