quinta-feira, 24 de novembro de 2022

1283 - Casos misteriosos de doença com uma causa incomum

Christoph Renninger (Medscape)
8 de agosto de 2022
Em 2021, em estados americanos distantes uns dos outros, surgiram numerosos casos de melioidose (doença de Whitmore), alguns com desfecho fatal. Qual é o fator comum que liga todos os afetados? Assim começa a busca por provas.
Sem relações ou jornadas comuns
Entre março e julho de 2021, casos da doença infecciosa bacteriana surgiram na Geórgia, Kansas, Minnesota e Texas, com a doença sendo fatal para dois dos afetados. Normalmente, os casos de melioidose ocorrem nos Estados Unidos após viajar para regiões onde o patógeno é prevalente. No entanto, nenhum dos pacientes havia realizado qualquer viagem internacional anterior.
Quando os genomas das cepas bacterianas (Burkholderia pseudomallei) foram sequenciados, eles mostraram um alto nível de concordância, sugerindo uma fonte comum de infecção. A cepa bacteriana é semelhante àquelas encontradas principalmente no Sudeste Asiático. Um produto importado de lá foi levado em consideração como gatilho.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) examinaram amostras de sangue dos pacientes, bem como amostras do solo, água, alimentos e utensílios domésticos em suas casas.
Spray de aroma como um gatilho
Em outubro, a causa da melioidose foi finalmente identificada na casa do paciente da Geórgia: um spray de aromaterapia. A impressão digital genética da cepa bacteriana combinava com a dos outros pacientes. O gatilho comum foi assim descoberto.
O spray contaminado, com aroma de lavanda e camomila para perfumaria de ambientes, foi vendido entre fevereiro e outubro em algumas filiais do Walmart, bem como em sua loja online. O produto foi, portanto, recolhido e verificado se os ingredientes também estavam sendo usados ​​em outros produtos.
O CDC solicitou aos médicos que também levassem em consideração a melioidose se fossem apresentados a infecções bacterianas agudas que não respondessem aos antibióticos normais e que perguntasse se o spray de ambiente afetado havia sido usado.
Mais informações sobre a melioidose
A melioidose é uma doença infecciosa que afeta humanos e animais. O gatilho é a bactéria B pseudomallei . A doença aparece predominantemente em regiões tropicais, especialmente no Sudeste Asiático e no norte da Austrália.
Transmissão
A bactéria pode ser encontrada em água e solo contaminados. É disseminado entre humanos e animais através do contato direto com a fonte infecciosa, como inalação de partículas de poeira ou gotículas de água, ou através do consumo de água ou alimentos contaminados. A transmissão de humano para humano é extremamente rara. Recentemente, no entanto, peixes tropicais de água salgada foram identificados como potenciais portadores.
Sintomas
A melioidose tem uma ampla gama de sintomas, o que pode levá-la a ser confundida com outras doenças, como tuberculose ou outras formas de pneumonia. Existem diferentes formas da doença, cada uma com sintomas diferentes.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

1282 - Anúncio do Hospital de Messejana na década de 1930


É uma propaganda ("reclame") do SANATÓRIO DE MESSEJANA, à época em que era dirigido pelos fundadores, os Drs. Otávio Lobo, Pedro Sampaio e Lineu Jucá. Inaugurado em 1.º de maio de 1933, no próximo ano essa importante instituição estará completando 90 anos. 
É hoje o HOSPITAL DE MESSEJANA DR. CARLOS ALBERTO STUDART GOMES.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

1281 - Equação de Drake aplicada à pandemia da covid-19

A Universidade Johns Hopkins, nos EUA, tornou-se referência mundial durante a pandemia, ao compilar os dados globais da covid-19 que estavam sendo usados pela imprensa e pelas autoridades de saúde. Mas uma equipe da Escola de Engenharia da mesma universidade acreditou que seria possível ir bem mais longe do que apenas compilar os dados do que já aconteceu. 
Como se tinha mostrado extremamente difícil prever as ondas da pandemia e os efeitos das diversas medidas adotadas para tentar conter a disseminação da doença, Rajat Mittal e seus colegas foram buscar uma ferramenta que poucos pensariam em utilizar para questões de saúde pública.
A ferramenta é a famosa Equação de Drake, uma fórmula matemática de sete variáveis que o astrônomo Frank Drake desenvolveu em 1961 para estimar a probabilidade de encontrar vida alienígena inteligente na Via Láctea. 
Quanto aos ETs, diversas interpretações dessa equação já deram resultados indicando que existem 36 civilizações inteligentes na Via Láctea ou que, se você não acredita em ETs, está contra as probabilidades. Mas Mittal e seus colegas decidiram aplicar a metodologia para calcular as chances de uma pessoa ser contaminada pela covid-19 pelo ar.
"Ainda há muita confusão sobre as vias de transmissão da covid-19. Isso ocorre em parte porque não há uma 'linguagem' comum que facilite o entendimento dos fatores de risco envolvidos," disse Mittal. "O que realmente precisa acontecer para alguém se infectar? Se pudermos visualizar esse processo de forma mais clara e quantitativa, poderemos tomar melhores decisões sobre quais atividades retomar e quais evitar."
Mas o risco de se infectar depende muito das circunstâncias. Por isso, o modelo da equipe ampliou a Equação de Drake de sete para dez variáveis de transmissão, incluindo as taxas de respiração das pessoas infectadas e não infectadas, o número de gotas transportadoras do vírus expelidas, o ambiente circundante e o tempo de exposição.
A equação não dá respostas diretas e fáceis. Dependendo do cenário, a previsão de risco da pandemia pode variar muito. Mas, dados os mesmos parâmetros, a comparação entre situações pode ser útil.
Considere o caso de uma academia, por exemplo. A imprensa tem falado exaustivamente que fazer exercícios em uma academia pode aumentar suas chances de pegar covid-19, mas quão arriscado é realmente? "Imagine duas pessoas em uma esteira na academia; ambas respiram com mais dificuldade do que o normal. A pessoa infectada está expelindo mais gotas e a pessoa não infectada está inalando mais gotas. Nesse espaço confinado, o risco de transmissão aumenta em 200 vezes," citou o pesquisador.
A equipe destacou que o modelo pode ser útil para quantificar o valor do uso de máscaras e do distanciamento social. Se ambas as pessoas - contaminada e não contaminada - estiverem usando máscaras N95, o risco de transmissão é reduzido por um fator de 400, ou seja, menos de 1% de chance de pegar o vírus. Mas mesmo uma máscara simples de tecido reduz significativamente a probabilidade de transmissão, de acordo com o modelo.
A equipe também descobriu que o distanciamento social tem uma correlação linear com o risco. Se você dobrar a distância, você dobra o fator de proteção, ou reduz o risco pela metade.
Ajuste dos parâmetros
Como acontece com a previsão da existência de civilizações alienígenas e com a maioria dos modelos de covid-19, algumas variáveis são conhecidas e outras ainda são um mistério. Por exemplo, ainda não sabemos quantas partículas do vírus SARS-CoV-2 inaladas são necessárias para desencadear uma infecção. Variáveis ambientais, como vento ou sistemas de ar-condicionado também são difíceis de especificar com precisão.
"Com mais informações, é possível calcular um risco bem específico. De maneira mais geral, nosso objetivo é apresentar como todas essas variáveis interagem no processo de transmissão," disse Mittal. "Acreditamos que nosso modelo pode servir como base para estudos futuros que irão preencher essas lacunas em nosso entendimento sobre a covid-19 e fornecer uma melhor quantificação de todas as variáveis envolvidas em nosso modelo."
DOI: 10.1063/5.0025476

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

1280 - Quanto tempo uma pessoa sobrevive sem respirar?

Uma vez que a respiração em nível celular continue ocorrendo, enquanto houver oferta de oxigênio suficiente nos pulmões, mesmo sem o contato com o ar atmosférico, os seres pulmonados podem sobreviver em apneia durante alguns minutos. Os seres humanos, em média, suportam 2–3 minutos sem respirar. Alguns atletas especialistas conseguem ultrapassar os 5 minutos, mantendo a lucidez.
Os mergulhadores Bajau, da Indonésia, que passam muito tempo no oceano caçando criaturas marinhas (peixes, polvos e crustáceos), podem passar até 13 minutos debaixo d'água - sem equipamento de mergulho! Tempo esse que rivaliza com o tempo das lontras marinhas, que podem ficar submersas até 13 minutos de cada vez.
Houve uma adaptação evolutiva nos povos Bajau, que apresentam baços 50% maiores do que os dos indonésios que nâo têm o mesmo estilo de vida aquático. Os baços são importantes no mergulho porque liberam oxigênio no sangue quando a pessoa prende a respiração embaixo d'água.
https://sciencetrends.com/this-group-of-diving-people-have-evolved-larger-spleens-to-spend-more-time-underwater/
Atualmente, o recorde mundial de apneia estática (maior tempo de mergulho parado sem respirar) pertence ao suiço Peter Colat, que em 17 de Setembro de 2011, se tornou o ser humano com o maior tempo de apneia, com 21 minutos e 33 segundos sem respirar.