Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última sexta-feira (5/10) a Resolução RE 2.714
(http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RE_2714_2018_.pdf/6a3990d4-53cf-489f-b944-7e6ddbf4657c) da Anvisa, com a composição das vacinas influenza a serem utilizadas no Brasil no próximo ano.
Segundo a Resolução, as vacinas influenza trivalentes que devem ser utilizadas a partir de fevereiro de 2019 deverão conter, obrigatoriamente, três tipos de cepas de vírus em combinação, e deverão estar dentro das seguintes especificações:
- Um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1) pdm09.
- Um vírus similar ao vírus influenza A/Switzerland/8060/2017 (H3N2).
- Um vírus similar ao vírus influenza B/Colorado/06/2017 (linhagem B/Victoria/2/87).
As vacinas influenza quadrivalentes (contendo dois tipos de cepas do vírus influenza B) deverão conter um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013 (linhagem B/Yamagata/16/88), adicionalmente aos três tipos de cepas especificadas acima.
As vacinas da influenza sazonal são geralmente modificadas a cada ano, para proteção contra as cepas virais de gripe em circulação.
Normalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulga, no mês de setembro, a recomendação das cepas de vírus influenza que devem ser utilizadas na produção das vacinas para o Hemisfério Sul.
Destinado a temas de medicina e informações e curiosidades sobre a saúde humana, e de conhecimento do planeta Terra e assuntos correlatos.
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
quinta-feira, 18 de outubro de 2018
1067 - A profissão médica e as ciências
1
José Ortega y Gasset (1883-1955), filósofo, ensaísta, jornalista e ativista político espanhol.
Ele oferece esta lúcida caracterização das diferenças entre a profissão médica e as ciências das quais esta profissão se utiliza.
2
Segundo Georges Canguilhem, autor de LE NORMAL ET LE PATHOLOGIQUE (O NORMAL E O PATOLOGICO), a medicina, muito mais do que uma ciência propriamente dita, é uma técnica ou uma arte situada na encruzilhada de várias ciências.
José Ortega y Gasset (1883-1955), filósofo, ensaísta, jornalista e ativista político espanhol.
Ele oferece esta lúcida caracterização das diferenças entre a profissão médica e as ciências das quais esta profissão se utiliza.
La medicina no es ciencia. Es precisamente una profesión, una actividad práctica. Como tal, significa un punto de vista diferente de la ciencia. Se propone curar o mantener la salud en la especie humana. A este fin hecha mano de cuanto parezca a propósito: entra en la ciencia y toma de sus resultados cuanto considera eficaz, pero deja el resto. Deja de la ciencia sobre todo lo que es más característico: la fruición por lo problemático. Bastaría esto para diferenciar radicalmente la medicina de la ciencia. Ésta consiste en un “prurito” de plantear problemas. Cuanto más sea esto, más puramente cumple su misión. Pero la medicina está ahí para aprontar soluciones. Si son científicas, mejor. Pero no es necesario que lo sean. Pueden proceder de una experiencia milenaria que la ciencia aún no ha explicado ni siquiera consagrado.[Ortega y Gasset J. Misión de la universidad. Obras completas. Tomo IV. Cuarta Edición. Madrid: Revista de Occidente. 1957, p 340]. Via
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Segundo Georges Canguilhem, autor de LE NORMAL ET LE PATHOLOGIQUE (O NORMAL E O PATOLOGICO), a medicina, muito mais do que uma ciência propriamente dita, é uma técnica ou uma arte situada na encruzilhada de várias ciências.
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
1066 - A ciência precisa de uma solução para a tentação dos resultados positivos
Há alguns anos, os cientistas da empresa de biotecnologia Amgen tentaram replicar 53 estudos de referência que defendiam novas abordagens para o tratamento de cânceres usando moléculas existentes e novas. Eles conseguiram replicar as descobertas da pesquisa original apenas 11% das vezes.
A ciência tem um problema de reprodutibilidade. E as ramificações são generalizadas.
Esses 53 artigos foram publicados em periódicos de alto nível, e os 21 publicados nos periódicos de maior impacto foram citados em média 231 vezes em trabalhos subsequentes.
Em 2011, os produtos farmacêuticos da Bayer relataram um trabalho semelhante de reprodução. Dos 67 projetos que realizaram para reexecutar experimentos (dos quais 47 envolveram câncer), apenas cerca de 25% terminaram com resultados alinhados com os achados originais.
Acontece que a maioria das empresas farmacêuticas realiza regularmente esses tipos de programas de validação internos. Eles parecem céticos sobre as descobertas da literatura publicada. Dado que seu valioso tempo e seu investimento de bilhões de dólares em recursos de pesquisa dependem diretamente do sucesso dos projetos, suas preocupações parecem justificadas.
Infelizmente, não somos todos tão cuidadosos. Mais e mais dados mostram que deveríamos sê-lo.
Em 2015, os pesquisadores relataram sua replicação de 100 experimentos publicados em 2008 em três importantes periódicos de psicologia. Os estudos de psicologia geralmente não geram muito dinheiro ou produtos comercializáveis, portanto, as empresas não se concentram em verificar sua robustez. No entanto, neste experimento, os resultados da pesquisa foram igualmente questionáveis. As descobertas das réplicas coincidiram com os estudos originais de um terço a metade das vezes, dependendo dos critérios usados para definir "similar".
Há várias razões para esta crise. Os próprios cientistas são um pouco culpados. A pesquisa é difícil e raramente perfeita. Uma melhor compreensão da metodologia e as falhas inerentes podem produzir um trabalho mais reprodutível.
O ambiente de pesquisa e seus incentivos agravam o problema . Os acadêmicos são recompensados profissionalmente quando publicam em um periódico de alto nível. Essas revistas são mais propensas a publicar um trabalho novo e sensacionalista. Isso é o que os financiadores querem também . Isso significa que há um incentivo, quase invisível, para alcançar novos e excitantes resultados em experimentos.
Alguns pesquisadores podem ficar tentados a garantir que obtenham "resultados novos e empolgantes". Isso é fraude . Por mais que queiramos acreditar, isso nunca acontece. Claramente, os resultados fabricados não serão replicáveis em experimentos de acompanhamento.
Mas a fraude é rara. O que acontece com muito mais frequência é muito mais sutil. Os cientistas são mais propensos a tentar publicar resultados positivos do que negativos. Eles são levados a conduzir experimentos de forma a aumentar a probabilidade de obter resultados positivos. Eles, às vezes, medem muitos resultados e relatam apenas os que apresentaram resultados maiores. Às vezes, eles mudam as coisas apenas o suficiente para obter uma medida crucial de probabilidade - o valor p - até 0,05 e reivindicar significância. Isso é conhecido como p-hacking.
Siga lendo em: Science Needs a Solution for the Temptation of Positive Results, NY Times
A ciência tem um problema de reprodutibilidade. E as ramificações são generalizadas.
Esses 53 artigos foram publicados em periódicos de alto nível, e os 21 publicados nos periódicos de maior impacto foram citados em média 231 vezes em trabalhos subsequentes.
Em 2011, os produtos farmacêuticos da Bayer relataram um trabalho semelhante de reprodução. Dos 67 projetos que realizaram para reexecutar experimentos (dos quais 47 envolveram câncer), apenas cerca de 25% terminaram com resultados alinhados com os achados originais.
Acontece que a maioria das empresas farmacêuticas realiza regularmente esses tipos de programas de validação internos. Eles parecem céticos sobre as descobertas da literatura publicada. Dado que seu valioso tempo e seu investimento de bilhões de dólares em recursos de pesquisa dependem diretamente do sucesso dos projetos, suas preocupações parecem justificadas.
Infelizmente, não somos todos tão cuidadosos. Mais e mais dados mostram que deveríamos sê-lo.
Em 2015, os pesquisadores relataram sua replicação de 100 experimentos publicados em 2008 em três importantes periódicos de psicologia. Os estudos de psicologia geralmente não geram muito dinheiro ou produtos comercializáveis, portanto, as empresas não se concentram em verificar sua robustez. No entanto, neste experimento, os resultados da pesquisa foram igualmente questionáveis. As descobertas das réplicas coincidiram com os estudos originais de um terço a metade das vezes, dependendo dos critérios usados para definir "similar".
Há várias razões para esta crise. Os próprios cientistas são um pouco culpados. A pesquisa é difícil e raramente perfeita. Uma melhor compreensão da metodologia e as falhas inerentes podem produzir um trabalho mais reprodutível.
O ambiente de pesquisa e seus incentivos agravam o problema . Os acadêmicos são recompensados profissionalmente quando publicam em um periódico de alto nível. Essas revistas são mais propensas a publicar um trabalho novo e sensacionalista. Isso é o que os financiadores querem também . Isso significa que há um incentivo, quase invisível, para alcançar novos e excitantes resultados em experimentos.
Alguns pesquisadores podem ficar tentados a garantir que obtenham "resultados novos e empolgantes". Isso é fraude . Por mais que queiramos acreditar, isso nunca acontece. Claramente, os resultados fabricados não serão replicáveis em experimentos de acompanhamento.
Mas a fraude é rara. O que acontece com muito mais frequência é muito mais sutil. Os cientistas são mais propensos a tentar publicar resultados positivos do que negativos. Eles são levados a conduzir experimentos de forma a aumentar a probabilidade de obter resultados positivos. Eles, às vezes, medem muitos resultados e relatam apenas os que apresentaram resultados maiores. Às vezes, eles mudam as coisas apenas o suficiente para obter uma medida crucial de probabilidade - o valor p - até 0,05 e reivindicar significância. Isso é conhecido como p-hacking.
Siga lendo em: Science Needs a Solution for the Temptation of Positive Results, NY Times
quinta-feira, 4 de outubro de 2018
1065 - Mortes em armazéns de grãos no Brasil
As silenciosas mortes de brasileiros soterrados em silos
Um levantamento inédito feito pela BBC News Brasil revela que, desde 2009, ao menos 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a grande maioria por soterramento.
Cada vez mais comuns nas paisagens rurais do país, silos são grandes estruturas metálicas usadas para armazenar grãos, evitando que estraguem e permitindo que vendedores ganhem tempo para negociá-los.
Foram contabilizados apenas casos noticiados pela imprensa – o que, segundo especialistas, indica que as ocorrências sejam ainda mais numerosas, pois nem todas as mortes são divulgadas.
O ano com mais acidentes fatais foi 2017, quando houve 24 mortes, alta de 140% em relação ao ano anterior. Em 2018, houve 13 ocorrências até julho – sinal de que as mortes devem se manter no mesmo patamar de 2017, considerando-se o histórico de distribuição das ocorrências ao longo do ano.
Os Estados que tiveram mais casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso (28), Paraná (20), Rio Grande do Sul (16) e Goiás (9). Houve mortes em 13 Estados distintos, em todas as regiões do país.
Em geral, soterramentos em silos matam em instantes. O trabalhador é asfixiado ao afundar nos grãos e não consegue subir à superfície, como se fosse sugado por uma areia movediça. Quando é envolto pelos grãos, o trabalhador raramente sobrevive.
Em alguns casos, o trabalhador cai nos grãos e é soterrado após passar mal com gases tóxicos produzidos por sua fermentação. Há ainda casos em que as mortes são causadas unicamente pela inalação desses gases.
O cumprimento da norma 33 do Ministério do Trabalho, que rege as atividades em ambientes confinados – categoria que inclui o trabalho em armazéns de grãos, reduziria drasticamente o problema.
A norma contém quase uma centena de orientações para prevenir acidentes nesses espaços, entre as quais proibir o acesso de pessoas não treinadas, testar com frequência os equipamentos de segurança e realizar simulações de salvamento. No entanto, os auditores do ministério responsáveis por fiscalizar os silos são em número insuficiente – e essa carência se agravou com os cortes orçamentários dos últimos anos.
Um levantamento inédito feito pela BBC News Brasil revela que, desde 2009, ao menos 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a grande maioria por soterramento.
Cada vez mais comuns nas paisagens rurais do país, silos são grandes estruturas metálicas usadas para armazenar grãos, evitando que estraguem e permitindo que vendedores ganhem tempo para negociá-los.
Foram contabilizados apenas casos noticiados pela imprensa – o que, segundo especialistas, indica que as ocorrências sejam ainda mais numerosas, pois nem todas as mortes são divulgadas.
O ano com mais acidentes fatais foi 2017, quando houve 24 mortes, alta de 140% em relação ao ano anterior. Em 2018, houve 13 ocorrências até julho – sinal de que as mortes devem se manter no mesmo patamar de 2017, considerando-se o histórico de distribuição das ocorrências ao longo do ano.
Os Estados que tiveram mais casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso (28), Paraná (20), Rio Grande do Sul (16) e Goiás (9). Houve mortes em 13 Estados distintos, em todas as regiões do país.
Em geral, soterramentos em silos matam em instantes. O trabalhador é asfixiado ao afundar nos grãos e não consegue subir à superfície, como se fosse sugado por uma areia movediça. Quando é envolto pelos grãos, o trabalhador raramente sobrevive.
Em alguns casos, o trabalhador cai nos grãos e é soterrado após passar mal com gases tóxicos produzidos por sua fermentação. Há ainda casos em que as mortes são causadas unicamente pela inalação desses gases.
O cumprimento da norma 33 do Ministério do Trabalho, que rege as atividades em ambientes confinados – categoria que inclui o trabalho em armazéns de grãos, reduziria drasticamente o problema.
A norma contém quase uma centena de orientações para prevenir acidentes nesses espaços, entre as quais proibir o acesso de pessoas não treinadas, testar com frequência os equipamentos de segurança e realizar simulações de salvamento. No entanto, os auditores do ministério responsáveis por fiscalizar os silos são em número insuficiente – e essa carência se agravou com os cortes orçamentários dos últimos anos.